O Artista:
Arthur Ferreira é desenhista e ilustrador, com trabalhos desenvolvidos para a Editora Moderna e diversas universidades, além de animador, criando projetos para o Animatv, Making Of Studius e outros.
"O uso da tecnologia nas novas obras de arte marca um novo espaço de interatividade do artista com a obra."
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> Como você lida com a integridade intelectual e criativa da sua arte, uma vez que, geralmente, suas obras são feitas sob encomenda?
Acho que lido tanto quanto os pintores antigos que vendiam suas obras para o clero, a monarquia ou a burguesia local. Deveriam ser desconsiderados os quadros ou os painéis de Michelangelo? Os retratos de Da Vinci? Eu vejo que, ao contrário disso, suas artes ficaram mais conhecidas, ganharam um espaço de admiração, onde tanto estudiosos das artes plásticas, quanto não, podiam verificar a profundidade de seus traços, suas misturas de cores e como conseguiam dar forma ao nada, bailando pincéis ao longo de quadros apoiados em cavaletes. Será que o quadro (produto) vendido não teria um valor especial, único, (seja pelo próprio sentimento do pintor, como da família a adquiri-lo) que agregaria a ele um status mais elevado, para segundo Benjamin [o filósofo Walter Benjamim], ser contemplado como arte?
> Geralmente, seus trabalhos estão sujeitos à reprodução industrial. Nesse contexto, como você compreende a materialidade de sua obra?
Eu não concebo minha possível arte de maneira material pura e simples. O resultado final é material, mas a arte, a mágica contida está dentro de um universo além da compreensão física. Simplesmente o seu valor torna-se sentimental e/ou conceitual, o que me levou a aceitar tal incumbência e quais forem as consequências de sua realização.
> Você acha que em função disso, o discurso de sua obra ou sua apropriação artística podem ser minimizados?
Acredito que como na história artística mundial isso sempre ficará em constante mudança. Ontem foi considerado arte, hoje não tem valor artístico criativo nenhum, amanhã mexerá com o público. A obra sempre estará sujeita a julgamentos diversos, não cabe a mim, enquanto artista, temer por isso.
> As intervenções tecnológicas nas artes tornaram-se uma prática comum, você acredita que isso pode desumanizar a figura do artista?
Ao contrário. O uso da tecnologia nas novas obras de arte marca um novo espaço de interatividade do artista com a obra, dado que o fazer artístico não se limita em suas ferramentas de trabalho. O valor humanístico da arte vem primeiramente de dentro do artista, seus conceitos, seus desamores, tudo que possa dar margem à criação, à fruição de uma nova idéia. O resultado final, seja em um quadro ou em um monitor, não deve minimizar o trabalho conceitual.
> E para finalizarmos, quais são suas considerações?
Com o tempo será possível compreender que a Arte possui diversos caminhos de execução. Que não tem limites, portanto não é regida por nenhum tipo de regra específica. Todos os meios são passíveis da criação da arte, o que diferencia (o valor no conceito industrial) é para onde esta arte é direcionada. Mas em hipótese alguma, sua concepção pode ser desvinculada da criatividade de seu fruidor. A arte sempre será para todos dispostos a mergulhar nela, e estará sempre conectada com a natureza criativa do ser humano.
Mais Arthur Ferreira em: oartanima.blogspot.com
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