Poema: Sem solução
Autor: Humberto Ak’abal
Ano: -
“Como não pude aprender algo
para chegar a ser alguém,
eu me dedico a bancar o escritor
para matar tempo.
Distração de loucos,
ofício de famintos,
disseram-me uma vez.
Outros correm,
invertem o dia
fazendo dinheiro.
Eu faço poesia.
Para que serve poesia?
Sabe-se lá.”
para chegar a ser alguém,
eu me dedico a bancar o escritor
para matar tempo.
Distração de loucos,
ofício de famintos,
disseram-me uma vez.
Outros correm,
invertem o dia
fazendo dinheiro.
Eu faço poesia.
Para que serve poesia?
Sabe-se lá.”
Sucinto e intenso, o poema expõe nossas misérias e leva-nos a refletir sobre o lugar que a arte ocupa em nossa vida. Mas por que ser "alguém" aos moldes dos alheios à verdade, se "ninguém" que é perfeito em transcender a realidade concreta e vislumbrar o ideal? Sabe-se lá...
Ao contrário do que dizem os céticos, sem solução é a vida sem arte, estática, carente de ressignificação. A arte é útil, não utilitária, e serve, à utilidade da Beleza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário