Poema: Alumbramento
Autor: Manuel Bandeira
Ano: 1913
Autor: Manuel Bandeira
Ano: 1913
“Eu vi os céus! Eu vi os céus!
Oh, essa angélica brancura
Sem tristes pejos e sem véus!
Nem uma nuvem de amargura
Vem a alma desassossegar.
E sinto-a bela... e sinto-a pura...
Eu vi nevar! Eu vi nevar!
Oh, cristalizações da bruma
A amortalhar, a cintilar!
Eu vi o mar! Lírios de espuma
Vinham desabrochar à flor
Da água que o vento desapruma...
Eu vi a estrela do pastor...
Vi a licorne alvinitente!
Vi... vi o rastro do Senhor!...
E vi a Via-Láctea ardente...
Vi comunhões... capelas... véus...
Súbito... alucinadamente...
Vi carros triunfais... troféus...
Pérolas grandes como a lua...
Eu vi os céus! Eu vi os céus!
- Eu vi-a nua... toda nua!”
Oh, essa angélica brancura
Sem tristes pejos e sem véus!
Nem uma nuvem de amargura
Vem a alma desassossegar.
E sinto-a bela... e sinto-a pura...
Eu vi nevar! Eu vi nevar!
Oh, cristalizações da bruma
A amortalhar, a cintilar!
Eu vi o mar! Lírios de espuma
Vinham desabrochar à flor
Da água que o vento desapruma...
Eu vi a estrela do pastor...
Vi a licorne alvinitente!
Vi... vi o rastro do Senhor!...
E vi a Via-Láctea ardente...
Vi comunhões... capelas... véus...
Súbito... alucinadamente...
Vi carros triunfais... troféus...
Pérolas grandes como a lua...
Eu vi os céus! Eu vi os céus!
- Eu vi-a nua... toda nua!”
Subjugadas as aflições do Desencanto, é hora de ascender aos céus! Afinal, como reconheceríamos a beleza se não trilhássemos os obscuros caminhos da desilusão? E quanto mais valorosa é nossa jornada quando vencemos o medo e a dúvida...
A rígida estrutura formal do poema é um harmônico contraponto incapaz de encerrar a livre fluência de suas palavras, cada verso embriaga-nos, eleva-nos, revela-nos a vida toda nua.
E quando, de fato, enxergamos a vida, compreendemos que a sua beleza está na finitude e na possibilidade de a cada dia, renovarmos a esperança de viver o êxtase do alumbramento.
Nem uma nuvem de amargura
ResponderExcluirVem a alma desassossegar.
E sinto-a bela... e sinto-a pura
Estranho... não há medo, receio no que se procura, ninguem se preocupa, há pureza no ar, como se a vida nesse instante do poema fosse algo leve, imaculo...
é pra pensar