Quando discutimos os rumos da arte, uma pergunta de fundamental importância é: ainda existe produção artística?
Vivemos a crise da “arte do conceito”, as discussões sobre definições artísticas tornaram-se um desafio até mesmo para os “especialistas” do assunto, “tudo pode” transformar-se em “arte”.
E se eu conceituar que “nada” é arte? Quem é você para dizer que não é? O que determina que o “achismo” de um é juízo e o de outro é prejuízo? A mídia, a crítica especializada? Eu posso continuar “achando nada” arte... quem tem poder sobre minha opinião? A mídia, a crítica especializada.
O Espetáculo da Vida do teatro e da televisão é arte, mas o Espetáculo da Vida da vida não é. Sendo assim, a arte amadora não é arte, porque só ama, não promove e não lucra. Quanto vou lucrar se puramente dançar? E se elevar-me, dilacerando-me sem nenhuma elevação?
A produção artística ainda caminha por aí solitária, à margem do reconhecimento, em algumas escolas, oficinas, teatros oficinas, que lutam contra a perversão transvestida de glória, e minguam a arte profissão em favor da arte vocação.
Talvez não devamos procurar palavras, talvez devamos simplesmente expressar, o gesto diz mais que mil palavras? Mais que mil sinceras palavras. A linguagem expressiva do corpo não limita, não oculta... Transmite a intensidade instintiva da comunicação, diz o indizível no silêncio da fala, auxiliada pelo ritmo e contra-ritmo da melodia. Dispensa a compreensão, para quê compreender a sensação?
Palavras de verdade plenamente comunicadas não precisam ser ditas, são propagadas pela leitura do olhar. E onde encontrar palavras de verdade? Até o Verbo se fez carne e da carne se fez lucro...
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